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O Brasil é conhecido pelo samba, futebol e a alegria do nosso povo. Mas você sabe o que mais os gringos pensam sobre o nosso país mundo afora?

País tropical, com praias e paisagens fenomenais – isso sem falar no povo, que tem a fama de ser festeiro. Hospitalidade e carisma são a marca dos brasileiros para os estrangeiros.

Mesmo com diferenças culturais e dificuldades com outros idiomas, os brasileiros se esforçam para receber bem e ajudar outras pessoas.

A gentileza chama atenção quando falamos sobre essa receptividade das pessoas. Afinal, ser gentil é ajudar, é querer ver o outro bem, mesmo sem receber nada em troca.

Hospitalidade brasileira em destaque no mundo

Você sabia que em 2022, o Brasil entrou para o ranking dos 10 países mais acolhedores do mundo? O levantamento foi feito pelo Traveller Review Awards, um prêmio promovido pela plataforma Booking.com.

Em oitavo lugar, nosso país foi bem avaliado pelos turistas do mundo inteiro pelas nossas acomodações, limpeza e atendimento.

Inclusive, somos conhecidos pela higiene: você já deve ter ouvido falar que em muitos países não é comum tomar mais de um banho por dia, como temos o hábito de fazer aqui.

É claro que o clima deve ser levado em conta, afinal, vivemos no calor a maior parte do ano.

Pessoas que visitam o país reparam em nossos hábitos afetuosos. Somos uma nação que beija, abraça e demonstra carinho publicamente, o que agrada alguns e pode incomodar outros, mas certamente é uma marca registrada do Brasil.

Mas existe um lado diferente do nosso país que não é muito mostrado na mídia e pouco conhecido pelos estrangeiros.

Desafios e raízes do ódio

Nem tudo é praia e festa. Enfrentamos muitos desafios políticos e econômicos ao longo da história.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, nosso país está entre as 10 nações mais desiguais do mundocom base em um ranking do Banco Mundial.

O professor José Luiz Portella, da Universidade de São Paulo, afirma que existem duas visões diferentes do Brasil – a percepção dos estrangeiros e o como o país realmente é no dia a dia de quem vive nele.

Enquanto nossa imagem projetada é de acolhimento e solidariedade, sempre disposto a ajudar, o Brasil também é campeão mundial em crimes, discussões agressivas, violência doméstica e atos de racismo.

O pesquisador Gustavo Barreto destaca que os brasileiros são mais receptivos a imigrantes e turistas europeusdo que as pessoas de outros países latino-americanos ou africanos.

Segundo uma entrevista do professor Portella para o podcast Sociedade em Foco, uma das raízes do ódio no nosso país foi a falta de um projeto único de desenvolvimento durante o período de colonização do Brasil.

O Brasil foi explorado extensivamente por suas terras, sem que um plano de desenvolvimento fosse priorizado. Esse cenário permitiu a perpetuação das desigualdades até os dias atuais.

Mídia e redes sociais: a influência na polarização

Esse panorama histórico de desigualdade vem piorando ao longo dos anos, culminando em uma forte polarização política e ideológica na nossa sociedade.

Por exemplo, percebe como está se tornando cada vez mais desafiador expressar uma opinião que não esteja restrita a extremos?

Uma pesquisa divulgada pela CNN Brasilmostra que para 78% das pessoas, o Brasil está mais dividido ideologicamente do que no passado.

Inclusive, esse número é maior no nosso país do que em outras nações conhecidas pela sua polarização, como os Estados Unidos e a Itália.

Além disso, essa mesma pesquisa também mostra que 80% dos brasileiros acreditam que falta respeito mútuo entre as pessoas. Para se ter uma ideia, a média mundial desse índice é de cerca de 65%.

Ou seja, não só estamos mais divididos, como estamos deixando que nossas diferenças afetem nossos relacionamentos.

E pesquisas mostram que as principais ferramentas usadas para isso acontecer são as redes sociais.

Um estudo publicado na revista científica Sociologia & Antropologia mostra que nos últimos anos conversas aprofundadas sobre vários assuntos deixaram de acontecer em diferentes contextos sociais, como um encontro com os amigos no bar ou no almoço de família.

Agora, nós estamos tendo essas discussões principalmente nas plataformas sociais online.

Isso resulta na perda significativa da riqueza do debate e da diversidade de ideias. O desfecho é a emergência de confrontos superficiais e dicotômicos que reduzem perspectivas distintas a uma polarização simplista de “nós contra eles”.

Desafios, raízes do ódio e a busca pela gentileza

Diante dessa complexidade, desafios sociais e econômicos formam uma teia intrincada que impacta diversas áreas da vida. As estatísticas revelam que o Brasil permanece entre as nações mais desiguais do mundo, com a desigualdade socioeconômica marcando realidades díspares em áreas urbanas e rurais.

Essa disparidade se manifesta no acesso à educação, saúde e oportunidades econômicas. Um exemplo claro é a discrepância gritante entre a oferta de serviços e infraestrutura nas regiões metropolitanas em comparação com áreas remotas, onde recursos e serviços são limitados.

As raízes do ódio e da polarização são influenciadas por uma complexa teia de fatores históricos, sociais e políticos. A análise equilibrada dessas questões demanda uma compreensão de que o ódio é um fenômeno global, com manifestações diversas em diferentes contextos.

A polarização, por sua vez, não é um fenômeno isolado, sendo alimentada por tensões políticas, econômicas e sociais. Considerar esses fatores multifacetados é essencial para desvendar as raízes profundas do ódio e polarização na sociedade brasileira.

No enfrentamento dos problemas de desigualdade e ódio, a educação é uma poderosa ferramenta. A educação inclusiva e crítica tem o potencial de desconstruir preconceitos e estereótipos enraizados, promovendo a empatia e a compreensão entre diferentes grupos.

A conscientização sobre os impactos da polarização, por sua vez, pode motivar a buscar a unidade em vez da divisão. Exemplos práticos incluem programas de educação que incentivam o diálogo intercultural, permitindo que diferentes perspectivas sejam ouvidas e compreendidas.

A polarização política tem um papel significativo nas dinâmicas sociais brasileiras, afetando a coesão social e a busca por soluções colaborativas, o que pode levar à fragmentação da sociedade e dificultar a construção de consensos em questões cruciais como desigualdade e violência.

Exemplos práticos de seu impacto podem ser observados nas discussões políticas que muitas vezes se transformam em confrontos ríspidos, onde a compreensão mútua é substituída pela retórica divisiva.

Em relação à gentileza e generosidade, é fundamental considerar a diversidade de perspectivas e experiências. 

Para alguns, a gentileza pode ser expressa através de pequenos atos cotidianos, enquanto para outros pode significar um compromisso mais amplo com a promoção do bem-estar social.

Reconhecer essa diversidade é essencial para desenvolver estratégias inclusivas que abordem as necessidades diversas.

Na busca por promover a gentileza no dia a dia, pessoas e grupos podem se engajar em ações concretas. Iniciativas como projetos sociais, campanhas de sensibilização e grupos de voluntariado podem criar impactos mensuráveis na vida das pessoas.

Além disso, o cultivo da empatia, práticas de escuta ativa e a valorização das opiniões diversas podem pavimentar o caminho para uma sociedade mais inclusiva e gentil.

A jornada em direção à gentileza no Brasil requer uma análise profunda dos desafios, raízes do ódio e polarização que moldam nossa realidade. Por meio da educação, conscientização e busca pela compreensão mútua, podemos pavimentar um caminho rumo a uma nação mais igualitária, coesa e compassiva.

Com ações individuais e coletivas, podemos moldar positivamente o presente e o futuro da sociedade brasileira.

O papel das empresas

As empresas desempenham um papel crucial na construção de uma sociedade mais gentil e harmoniosa.

Seu alcance, recursos e influência podem ser canalizados de maneiras significativas para promover valores de empatia, inclusão e respeito. Aqui estão algumas formas pelas quais as empresas podem contribuir para uma nação mais gentil:

1. Promoção de valores

As empresas podem incorporar e promover valores de gentileza, respeito e diversidade em sua cultura organizacional. Ao adotar práticas e políticas inclusivas, elas podem estabelecer um exemplo positivo para funcionários, clientes e parceiros.

2. Responsabilidade social

Iniciativas de responsabilidade social empresarial podem direcionar recursos para ações que beneficiam a comunidade e enfrentam problemas sociais. Investir em educação, acesso à saúde e projetos comunitários pode criar um impacto direto e mensurável na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

3. Campanhas de conscientização

As empresas têm a capacidade de alcançar grandes públicos por meio de suas campanhas de marketing. Ao criar campanhas que promovam valores positivos e encorajem a gentileza, elas podem influenciar comportamentos e atitudes de forma positiva.

4. Ambientes inclusivos de trabalho

Ao criar ambientes de trabalho mais inclusivos e respeitosos, as empresas podem promover uma cultura de colaboração e compreensão. Isso não apenas beneficia os funcionários, mas também influencia suas interações fora do ambiente de trabalho.

5. Parcerias com organizações sociais

Colaborações com organizações sem fins lucrativos e ONGs podem ser uma maneira eficaz de alcançar diferentes comunidades e contribuir para ações de caridade e assistência social.

6. Transparência e ética

Ao agir com transparência e ética em suas operações, as empresas demonstram um compromisso com a integridade e valores fundamentais, o que pode inspirar confiança na sociedade.

Em resumo, as empresas têm uma influência significativa na formação da sociedade e podem desempenhar um papel vital na promoção da gentileza, do respeito e da empatia.

Ao integrar esses valores em suas práticas, políticas e interações comunitárias, elas podem contribuir para a construção de uma nação mais gentil e justa, que valoriza a colaboração e a coexistência pacífica.

Gentileza como transformação individual e coletiva

Neste sentido, com tanta polarização e violência, será que a percepção do Brasil como um país acolhedor e gentil não passou de uma ilusão?

Calma, não é bem por aí!

Mesmo em meio a todas essas dificuldades e questões sociais profundas, o Brasil ainda se destaca no quesito gentileza. E eu vou te mostrar o porquê.

Você já deve ter visto pelo Brasil afora a frase “gentileza gera gentileza”, não é mesmo?

Trata-se de um movimento realizado por José Datrino, mais conhecido como o Profeta Gentileza.

Datrino andava pelo Rio de Janeiro durante a década de 70 compartilhando a missão da gentileza, com palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza.

E se você acha que esse brasileiro é uma exceção à regra, eu te convido a repensar: nós brasileiros somos extremamente generosos e nos doamos muito aos outros, inclusive financeiramente.

Segundo uma pesquisa da Fundação Tide Setubal mostra que mais de 60% dos brasileiros doam dinheiro para organizações sociais, e 83% acredita que doar faz a diferença na vida das pessoas.

A mesma pesquisa também mostra que o Brasil arrecadou mais de 4 bilhões de reais em iniciativas de combate à pandemia do coronavírus.

O próprio Marketing de Gentileza nasceu para ser um movimento e manifesto contra a ideia e as práticas do marketing agressivo.

E toda essa gentileza circulando pelo nosso país impacta positivamente as nossas vidas no dia a dia.

The World Kindness Movement, ou Movimento Mundial da Gentileza, em português, mostra que uma sociedade onde a gentileza é praticada inspira cada vez mais pessoas a se envolverem com sua comunidade, seja em casa, no trabalho ou na cidade onde moramos.

Esse movimento inclusive coloca a gentileza como o primeiro passo para unir as pessoas e construir uma cultura da paz, especialmente em sociedades divididas e polarizadas.

A ideia é que se as pessoas optarem pela gentileza ao invés do conflito, haveria menos ocorrências de brigas e discussões. Assim, é mais fácil retomarmos o diálogo com o outro e dar o primeiro passo para construir o mundo que queremos amanhã.

Será, então, que estamos no caminho certo?

Conclusão

Vimos como nós brasileiros temos uma imagem hospitaleira, afetuosa e gentil para os estrangeiros, mesmo com toda a desigualdade social e os problemas históricos que permeiam o nosso país.

Mas, muito mais do que em nossa imagem no exterior, a gentileza se faz presente no dia a dia, em pequenas ações, que eu e você podemos praticar.

Além disso, conseguimos observar a outra face da sociedade brasileira, a face que não é tão gentil assim.

É por isso que se cada um praticar mais atos gentis, todos saem ganhando!

Vamos usar nossas competências para tornar esse mundão num lugar mais gentil, acolhedor e inclusivo? Numa escala de 0 a 10, para você, qual nível de Gentileza o Brasil está? E o que você acredita que pode ser feito para subir esse nível e fazer do Brasil um lugar gentileza e hospitalidade e não uma nação tomada pelo ódio?

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